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Exposição - Visões do Outro na Arte Contemporânea
Tomar, 03/11/2016
No âmbito do o Colóquio Internacional "Através do Olhar do Outro", a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, expõe, no Claustro dos Corvos do Convento de Cristo, até 31 de janeiro de 2017, obras de 23 artistas plásticos.
Subordinada ao tema "Visões do Outro", contempla trabalhos em diversas técnicas onde predomina a tapeçaria e a área textil.
VISÕES DO OUTRO NA ARTE CONTEMPORÂNEA
A exposição que agora se realiza no Convento de Cristo no Claustro dos Corvos articula-se com o Colóquio Internacional «Através do Olhar do Outro. Reflexões acerca da sociedade medieval europeia (Séculos XII-XV), e deve-se à interacção entre a Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, protagonizada pelos Doutores Giulia Rojsi Vairo, Fernando António Batista Pereira e Hugo Ferrão e a Diretora do Convento de Cristo, Doutora Andreia Bianchi Aires de Carvalho Galvão cujo entendimento do significado e importância de cruzar linguagens ancestrais, como é o caso da Tapeçaria, e as mais recentes explorações artísticas, como a fotografia, o vídeo, a instalação, a ciberarte, ou a pintura, simultaneamente potenciadoras e reveladoras da imagética que preside à descoberta de novos caminhos, novas ideias, outras palavras, outras formas de ver o outro e os seus mundos.
A transversalidade e multiplicidade das obras expostas foram em grande medida realizadas por alunos e professores no Mestrado em Pintura e na unidade curricular de Tapeçaria da Licenciatura em Pintura da Faculdade de Belas-Artes. Esta mostra também reflete o conceito de «ArtLab», ancorado num legado pedagógico, científico e artístico cujas implicações projectuais se assumem num contexto de laboratório artístico experimental.
Os novos olhares dos jovens artistas contemporâneos estão cada vez mais associados à Arte Global, às metodologias inovadoras, que miscigenam matérias e materiais improváveis, capazes de expandir as experimentações e os limites da própria Arte, convocando dimensões estéticas, filosóficas, tecnológicas, científicas, antropológicas, e sociológicas, entre outras, capazes de gerar a necessidade de participar nos processos de criação e realização que caraterizam a atmosfera cultural da Pós-Modernidade.
A apresentação de desenhos, pinturas, instalação, colagens, tapeçaria e fotografia, de uma multiplicidade de autores, reveste-se de um simbolismo profundo, pois não é possível ficar indiferente à evocação do axis mundi «coisificado» pela Charola do Convento de Cristo, portador do imaginário português, espécie de latência mística capaz de transfigurar mundos e gerar humanidade no nosso presente.
O testemunho da concretização desta exposição, mesmo com parcos meios, prova que existe uma territorialidade de parcerias, de colaborações, de protocolos, de criação de projectos entre instituições que é necessário intensificar, para que seja possível «cartografar» horizontes de esperança.
Ao intitularmos esta exposição: «Visões do Outro na Arte Contemporânea», queremos reafirmar a natureza construtiva das ações precedentes que presidiram à feitura das telas que suportam as pinturas, à luz captada pelos olhos mecânicos das máquinas fotográficas, às longas horas preparativas das instalações, à invisibilidade do pensamento plástico que torna visíveis os corpo-objectos artísticos, tal como as maravilhosas pedras que designam aquilo que se realizou, interrogando-nos sobre aquilo que nos propomos fazer.
Casa das Três Colunas,
Amieira do Tejo - Outubro 2016
Hugo Ferrão